segunda-feira, 3 de maio de 2010

O homem que laçou um Paulistinha









O homem que laçou um avião.


A disputa entre a coragem de dois gaúchos em Santa Maria terminou com o laço partido pela hélice do avião. O peão Euclides Guterres conseguiu cumprir a promessa e entrou para a história como o €? laçador de aviões €?. O piloto Irineu Noal perdeu o direito de voar , mas conquistou muitas fãs, que admiravam sua ousadia. Quase meio século depois, a façanha inédita na aviação brasileira ainda serve de exemplo para os que querem demonstrar a coragem do povo gaúcho.
O vôo do avião paulistinha, prfíxo PP-HFE, entrou para a história em dezembro de 1951. Num domingo de céu claro e poucas nuvens, o piloto civil Irineu Noal decolou do aeroclube de Santa Maria com uma missão dolorosa: terminar um relacionamento amoroso e devolver as cartas à ex-namorada, que estava noiva de outro.O piloto levou menos de dez minutos para chegar à localidade de Tronqueiras, próximo ao vilarejo Arroio do Só,hoje distrito de Santa Maria. Sobrevoando a sede da fazenda de Cacildo Xavier, pai da ex-namorada, o piloto iniciou uma série de manobras rassantes. Depois de passar bem perto das cercas da fazenda, oavião recuperava a altura para novamente ganhar velocidade e rumar em direção ao solo.
As peripécias do aviador apaixonado não agradaram em nada a um peão da fazenda que passava por ali.Euclides Guterres,24 anos, empunhou 28 metros de laço e ameaçou terminar com o atrevimento.Três ou quatro vezes ,Guterres jogou para o alto a laço com a intenção de aprisionar o avião. O paulistinha sempre escapava da laçada, disparando em direção às nuvens.Numa passagem muita baixa sobre o rebanho, o peão mirou o avião e jogou o laço. Para desespero do piloto, a corda se enrolo numa hélice.
A força do teço-téco arrancou o laço das mãos do laçador.O motor do 
avião começou a trepidar e a perder altura. Noal teve que aumentar imediatamente a rotação do motor da aeronave, evitando a iminente queda.Oito longos minutos depois conseguia retomar,inteiro, ao aeroclube.
Quando a diretoria percebeu a corda enrolada na hélice,o piloto foi obrigado a contar do que escapara. Diante do fato, os diretores do aeroclube se reuniram e dicidiram cassar a licença do piloto Noal.Ele teve ainda que pagar uma multa pelo ato, considerado uma transgressão.Em 1999, quando com 68 anos foi perguntado sobre o fato, ele não se sentiu à vontade para falar sobre a façanha e disse:
-Foi uma brincadeira de guri -resumiu-se a contar.
Mesmo arredio, o piloto admitiu o perigo da manobra e desdenhou a habilidade do peão.
-Aquele não laçava nem vaca. Foi uma sorte muito grande -afirma Noal, só não conseguiu lembrar o dia exato do episódio.
A façanha não tornou famosos apenas o peão.A ousadia do piloto rendeu sucesso entre as garotas da época.Noal recebeu várias correspondências que elogiavam sua coragem.Mesmo incomodado em falar sobre o assunto, o piloto fez questão de provar a veracidade da história. Nos fundos da ferragem administrada pelos filhos, pendurada no canto de uma parede estava a hélice do Paulistinha.Enrolado à hélice permanece até hoje o laço que abortou a aventura.
-Muitos ainda duvidam da história e vêm aqui para ver a hélice.Tiram fotos e pedem cópias dos jornais da época.
O peão Euclides Guterres foi derrubado pela leucemia em 1981.Maria do Carmo Marshal, sua primeira filha, tinha apenas dois anos na época lembra bem das vezes em que seu pai gabava-se da laçada histórica.Como quem justificava um erro, Guterres insistia em dizer que avisou o piloto da sua intenção de laçar oavião. Só depois de repetidas tentativas, o peão conseguiu cumprir a promessa.-Eu ainda vou te derrubar desse bicho- é o que dizia ao aviador.O pai não desistia de nada-afirma Maria do Carmo.Ari Jardim Guterres,diz que o primo se divertia quando lembrava do fato.
Orgulhoso, contava que tinha se vingado do homem que espantava o gado e não respeitava o trabalho da peonada.Relatando o episódio curioso o primo traz para a história um detalhe que não foi contado ou publicado nos jornais e revistas da época. A coragem do peão foi suficiente para laçar o teço-téco, mas não afastou o medo das conseqüências. Temendo ser preso, Guterres desapareceu por três dias.
-O patrão teve de buscar o Euclides no meio do mato.Ele ficou escondido com medo de ter cometido um crime.
Esta reportagem foi tirada da Zero Hora de domingo dia 13 de junho de 1999. escrita pela repórter FABIANA SPARRENBERGER.Eu sou Maria Cezar e tenho o prazer de ser colega de trabalho de Maria do Carmo filha do peão laçador, na Coordenadoria Regional de Educação em Santa Maria.

Fonte: A TEIA - ID BRASIL http://tinyurl.com/2fm2owf


Queria uma imagem para ilustrar o post, provisoriamente deixarei esta, se alguém tiver uma melhor, será muito benvinda
Monumento ao Laçador e atrás dele um avião daqueles "macanudo" mesmo. Sorte que nossa estátua simbolo não, senão certamente o teria laçado...
Foto by Nilce Bravo
Post: Laçador, o monumento e o modelo

















Leia também:

Contos e CausosAvião Laçado
Pois vocês sabiam? Tinha que que ser! O único avião laçado no mundo foi feito por uma gaúcho de Santa Maria? Por acaso da minha cidade natal!
O fato aconteceu em 1952. O nome do gaúcho era Euclides Guterres, com 24 anos na época.
O piloto, Irineu Noal. O prefixo do avião: PP-HFP, era um paulistinha o avião.
O piloto tava fazendo frescura sobrevoando baixo uma fazenda da região.
O Euclides não gostou e pra defender as moçoiras da terra atirou o laço de 13 braças e laçou o avião no nariz. Quase o paulistinha vem abaixo. Felizmente pra os dois viventes a hélice cortou o laço.
O piloto desceu na base aérea de Santa Maria com o laço no nariz do avião. Caçaram a carteira dele na hora.
Conheci o piloto 30 anos depois do acontecido. Mostrou-me a revista Time com reportagem sobre o fato com o título :"The cowboy and the airplane", e na Life e na O Cruzeiro e em outras publicações. Teria sido a notícia de mais rápida divulgacao na época. Em menos de uma hora estada dando na BBC.
E o guasca era de Santa Maria! Barbaridade



Enquanto isso, na TIMES...

At handsome Euclides Guterres' home on the south Brazilian cattle ranges, the skies were not cloudy all day—till the flying machines came. Then, a few years ago, some smart fellows bought themselves a lot of little airplanes and opened a flying club just a hoot and a holler from the ranch where Cowboy Euclides worked. After that, the crazy things flew all over the place, diving at his cattle, scaring his pony, and impressing the girls so much that for the first time in Euclides' courting life, the girls had discouraging words for a mere ground-bound gaucho.
One day last fortnight, a little plane kept swooping low at his boss's house. How was Euclides to know that the pilot was merely trying to get the boss's daughter to come out of the house so he could drop her a love letter? Euclides got mad. Fed up with all flat-hatters, he rushed from the barn. Next time the plane came round for a low, slow buzz, he swung his trusty leather laço—and lassoed the plane's propeller.
Euclides was knocked to the ground. His laço— snapped off. With 3½ metres of laço— wound around his propeller hub, the startled pilot headed for home. Though the wooden prop was cracked, he made it safely. The flying club grounded him; the girl threw him over. And Euclides, the only cowboy ever to lasso an airplane, was once again the lion of the dark-eyed ladies of Rio Grande do Sul.


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